Celso Álvarez Cáccamo  • Linguística Geral • Depto. de Galego-Português, Francês e Linguística Faculdade de FilologiaUniversidade da Corunha • 15071 Corunha • Galiza • Tel. +34 981 167000 ext. 1888 • Fax +34 981 167151 • lxalvarz@udc.es

 

 

 

“Nem na crítica literária nem nas ciências sociais existe
uma última palavra.  Ou, se existir, chamamo-la violência”

Paul Ricoeur

 

na procura da utopia descritiva

ou

o prazer de disiludir:

a prática de análise dos discursos e ideologias dominantes como a construção dos alicerces de uma utopia e de uma política e de uma própria ideologia onde os leitores se possam posicionar:

a distorção ou flexão dos dados para a sua interpretação deliberada:

a construção do dominante COMO dominante para facilitar o reconhecimento da dominação e, portanto, a aceitação da única alternativa da olhada utópica:

o aproveitamento do espaço discursivo da própria análise para a geração das redes de posicionamento ideológico em favor do utópico:

a produção de uma consciência utópica transformadora, não possibilista:

a apropriação das subjectividades dominadas, num processo de deslocamento, para experimentar a possibilidade da dominação e portanto a consciência (a experiência directa da dominação e da violência obfusca os sentidos):

a geração de riqueza simbólica através da possibilidade de ré-construir o discurso dominante, contra a vontade dos seus produtores:

ou, melhor ainda, com a sua conivência, assente na sua certidão de que a nossa utopia não vulnerará a sua lógica de dominação:

isto é:

a análise do discurso como a construção da Utopia Descritiva

ou

o prazer intelectual de disiludir

 

28.09.1999